USANDO COMPUTADOR AO VIVO

Muita gente tem dúvidas a respeito da utilização de computadores ao vivo não apenas para disparar bases, mas para rodar os famosos VSTs (synths virtuais). Se vale a pena ou não usar um computador no palco não é uma questão que se faça mais. O fato é que seu uso tem se tornado obrigatório por tecladistas e bandas em todo mundo. Dificilmente vamos encontrar uma banda - destas que amamos ou odiamos - se um ou mais computadores no palco, seja rodando as bases, os VSTs ou até mesmo controlando as luzes. A questão agora é qual programa uso para soltar as bases, quais VSTs e qual gerenciador de VSTs. MAC ou PC? Qual placa de áudio? Muitas questões e muitas respostas diferentes!

Quem quiser entrar neste mundo tecnológico deve se fazer algumas perguntas:
1) quanto tenho para investir?
2) para que finalidade eu quero usar um computador: para soltar as bases, para rodar os VSTs ou para ambos?
3) quantas mandadas (ou canais) eu quero enviar para o PA?
4) que tipo de conexão quero usar entre a placa de áudio e o computador: firewire ou USB?

As respostas a estas questões vão definir o sistema operacional (MAC OSX ou WINDOWS - não sei como o LINUX se comportaria com esses programas de áudio e os VSTs), tipo de placa de áudio e os softwares a serem utilizados.

Qual placa de áudio?
Existe uma variedade incrível de placas de áudio no mercado. Por isso, definir a quantidade de canais que se deseja usar e o tipo de conexão será um importante passo na escolha da placa adequada. Para quem quer rodar VSTs, bastam dois canais (trabalhando em estéreo). As placas com duas saídas de áudio são as mais acessíveis para quem não tem muito para investir. Além disso, qualquer player de música no computador resolve, o que torna desnecessária a utilização de programas mais robustos, como o Sonar, Logic, Pro Tools, e etc. Porém, para quem deseja disparar bases com mandadas separadas (por exemplo, metais num canal, cordas em outro, etc) deverá optar por uma placa com pelo menos 4 saídas de áudio e utilizar programas como os citados antes. Quanto ao tipo de conexão, as placas atuais, tanto as que utilizam conexão firewire quanto USB, funcionam perfeitamente, com baixíssimos níveis de latência (aquele atraso entre a nota tocada e a emissão do som). Não são muitos notebooks que possuem conexão firewire, mas todos têm USB. Por isso as placas USB são mais utilizadas.

Algumas placas interessantes e muito populares em setups ao vivo:

- M-ÁUDIO FAST TRACK PRO e FAST TRACK ULTRA (ambas tem conexão USB)

- M-AUDIO FIREWIRE F-410, F-1810 ou F-1814

- DIGIDESIGN M-BOX 2, M-BOX MICRO e 003 RACK

PC ou MAC?
O padrão da indústria fonográfica é o MAC. O programa mais utilizado para gravações no mundo é o Pro Tools. Nos palcos, também, o MAC continua dominando a cena. Porém, um bom PC não fará feio se estiver bem configurado. A questão principal, neste caso, é a intimidade com o sistema operacional e os programas de áudio e o valor disponível para o investimento. Não se pode afirmar que um sistema é melhor ou mais difícil de usar que outro. O fato é que nenhum é melhor em tudo ou mais fácil em tudo. Se você quiser utilizar o máximo do potencial de seu computador e dos programas de áudio, terá que suar bastante, seja PC o MAC.

E os softwares?
No PC, pessoalmente, gosto muito do Sonar. Há uma variedade enorme de plug-ins que podem ser utilizados para todas as finalidades. Abaixo, listo os que gosto mais. Há pouco tempo migrei para o MAC, onde estou utilizando - e gostando muito - o Logic Pro. Excelente software para gravação e edição de áudio e MIDI. Vem com um pacote de plug-ins excelente que inclui ótimos VSTs de pianos acústicos e elétricos, órgãos, pads, baterias, loops, cordas, efeitos e etc. Os metais parecem ser a fronteira mais difícil para os desenvolvedores de instrumentos virtuais. A riqueza de harmônicos, a variedade de ataques, inflexões e efeitos tornam os instrumentos de sopro, em geral, muito difíceis de reproduzir através de VSTs. Por isso, os metais, por enquanto, espero, são sempre razoáveis e na maioria dos casos ruins. Acompanha o Logic um programa chamado Main Stage, para gerenciar VSTs. Este programa é especialmente direcionado para performances ao vivo e sua integração com teclados controladores, e controladores MIDI em geral, é perfeita.

Alguns softwares muito utilizados para rodar as bases com trilhas separadas:

- SONAR

- LOGIC (MAC)

- PRO TOOLS (MAC e PC)

- NUENDO

- CUBASE

Softwares para gerenciar VSTs:

- BRAINSPAWN FORTE ENSEMBLE

- MAIN STAGE (este vem com o LOGIC)

- LIVE PROFESSOR (gratuito)

VSTs muito utilizados:

- NATIVE INSTRUMENTS B4 (sons de hamond)

- NATIVE INSTRUMENTS FM7 (synth virtual do famoso yamaha DX7)

- NATIVE INSTRUMENTS FM8

- NATIVE INSTRUMENTS MASSIVE

- NATIVE INSTRUMENTS PRO-53

- NATIVE INSTRUMENTS ELEKTRIK PIANO

- ARP2600

- ARTURIA CS-80V

- GFORCE ODDITY

- U-HE ZEBRA

- PIANISSIMO

- LENNAR DIGITAL SYLENTH

- ROB PAPEN ALBINO

- DISCO DSP DISCOVERY

- SAMPLETANK

- LOUNGE LIZARD (ótimos pianos elétricos)

Há disponível muitos outros softwares para rodar bases, gerenciar VSTs e uma infinidade de VSTs para as mais variadas finalidades.

O setup que utilizo ao vivo atualmente é o seguinte:
1) MacBook Pro 13.3
2) LOGIC PRO 9 (para disparar as bases estéreo e o click mono)
3) MAIN STAGE (para gerenciar os VSTs)
4) M-AUDIO FIREWIRE F-410

Os VSTs que uso, além dos que acompanham o LOGIC e o MAIN STAGE, são os seguintes:
- B4
- PRO-53
- ARP2600
- CS-80V
- GFORCE ODDITY
- MASSIVE
- FM8
- ABSYNTH 4
- REACTOR
- SAMPLETANK

Isso somado aos VSTs nativos do LOGIC e do MAINSTAGE é mais do que suficiente para cobrir uma gama extensa de pads, leads, efeitos, hamonds, pianos acústicos e elétricos, bells, cordas, metais e etc.

Por hora é só. Quem quiser dar contribuições sugerindo VSTs e outros softwares será muito bem-vindo.

ESTANTES DE TECLADO

Uma coisa que quase ninguém percebe, mas que pode fazer muita diferença no conforto, ergonomia e organização de cabeamento num setup de teclados é a estante que usamos. Existem vários tipos diferentes e algumas que mal conhecemos no Brasil, mas que uma rápida pesquisa nos revela. As mais conhecidas são as estantes em "X", para 1 ou 2 teclados. São leves, baratas, fáceis de montar e relativamente fáceis de carregar. Uma vantagem é a área livre para a colocação dos pedais. Porém, a organização dos cabos fica prejudicada.

Outro modelo muito utilizado é o da STAY, baseado no design da famosa ULTIMATE Apex ou Deltex. A estante é mais difícil de transportar e o espaço livre para os pedais fica prejudicado. Porém, a organização dos cabos, no caso da ultimate, é otimizada por clips que os prendem ao corpo da estante, fazendo com que os cabos não fiquem aparentes. Um detalhe importante é que há nichos na própria estante para guardar a base e as hastes.

A STAY lançou recentemente um modelo de estante com excelente relação custo benefício e que supera de longe os modelos anteriores. É a STAY aluminium. A montagem e desmontagem da estante é muito mais fácil, pois é toda com encaixes e não mais os chatos parafusos que sempre se perdiam. Além disso, a base é elevada, o que abre espaço para os pedais e torna sua utilização muito mais confortável para se tocar em pé. Outra mudança muito bem-vinda é o espaço especialmente projetado para a passagem do cabeamento do teclado no corpo da estante, através de uma angulação côncava, e de um espaço entre o suporte das hastes e o corpo da estante, por onde os cabos podem se passados. Atualmente uso duas destas - uma preta e outra prata, dependendo do trabalho.

A ROLAND e a ULTIMATE lançaram a estante em "V", fácil de montar, fácil de transportar, com espaço livre para os pedais e um visual muito bacana no palco - tudo que um tecladista poderia querer. Porém, há muitas reclamações a respeito da durabilidade da estante, pois o material utilizado desgasta-se ou quebra facilmente - eu mesmo fui uma vítima disso! A estante está a um triz de ser inutilizada. Já perdi o suporte para o segundo teclado devido à uma porca espanada e a trava (de plástico!!!) que regula a altura do suporte está quebrada. Mais um pouco, ela se desfaz e adeus regulagem...adeus estante... Acho que é por isso que a ULTIMATE tirou de linha sua V-Stand.

Uma estante que ainda não vi no Brasil é a Spider. O valor (nos EUA) compete com a V-Stand, dependendo do modelo. Há bom espaço para os pedais, passadeira e clips para os cabos. Resta saber se aguenta o tranco dos shows e das infinitas montagens e desmontagens.

Mais detalhes sobre as estantes visitem:

http://www.roland.com/products/en/V-Stand/

http://www.ultimatesupport.com/

http://www.staymusic.com.br/

M-AUDIO FAST TRACK PRO

A FAST TRACK PRO é uma placa de áudio cujas grandes características são, além da qualidade M-AUDIO, a portabilidade, a conexão USB com o computador - MAC ou PC - e a alimentação via USB. Além disso, ela conta com duas entradas frontais para MIC (TRS), guitarra, teclados e etc. Utilizo essas entradas para ligar um dos teclados em estéreo (o JUNO STAGE, por exemplo) e aproveito um outro grande recurso da FAST TRACK PRO: mesmo que o programa de áudio que rodo no computador (SONAR, LOGIC ou MAINSTAGE) esteja fechado, o áudio que vem dessas entradas frontais continua sendo endereçada para o MAIN OUT (saída para o PA ou caixas acústicas), não interrompendo o fluxo de áudio. Isto é ótimo quando precisamos, por algum motivo, fechar o programa de áudio durante um show, mas o som não pode parar! Outra característica bastante usual é um botão no painel frontal que permite balancear o volume dos dois geradores de som (o teclado e o computador).

Mais informações sobre a FAST TRACK PRO, visite a site da M-Audio:
http://www.m-audio.com/.